A idade da mulher é importante?
A capacidade de gestação é também dependente da idade, sendo que o período de melhores chances em se engravidar é até os 30 anos de idade. Com o progredir da idade, diminuem as chances da mulher em engravidar e aumentam as chances em abortar.
Após os trinta anos de idade há uma diminuição lenta e gradual da chance de gestação até os 35 anos de idade, quando então a diminuição se torna mais marcante, sendo a queda na capacidade de se engravidar mais acentuada após os 38-39 anos de idade. Isso ocorre tanto nas gestações naturais quando naquelas obtidas por qualquer método de fertilização assistida, como demonstrado na tabela abaixo, da Sociedade Americana de Reprodução Humana.
A causa principal da queda de fecundidade na mulher se deve às condições de seus ovários que apresentam alterações estruturais importantes que dificultam a fertilização ou mesmo a implantação embrionária.
No homem os espermatozóides são produzidos continuamente de tal modo que depois de aproximadamente 85 dias um novo espermatozóide maduro é formado. Já a mulher nasce com todos seus óvulos prontos e ao final de um ciclo aproximadamente 28 a 30 dias) um óvulo é liberado.
Como as células germinativas (espermatozóides e óvulos) são células mais sensíveis às agressões externas, elas podem sofrer alterações com o tempo. Essas agressões são variadas, como irradiações, alimentação, agressão por agrotóxicos,conservantes, etc. Como o tempo de vida dos espermatozóides é mais curto, as alterações são menores do que aquelas que acontecem com os óvulos. Assim, os óvulos de uma mulher de 40 anos também têm 40 anos de idade e já sofreram diversas agressões ao longo deste tempo.
Além disso, outros fatores próprios dos ovários, fatores esses genéticos, podem fazer com que os ovários envelheçam mais rapidamente, podendo inclusive culminar com a sua falência, a chamada Falência Ovariana Precoce, ou Menopausa Precoce.
As principais causas femininas de infertilidade são:
Fator tubáreo: É a principal das causas.
São alterações na permeabilidade das trompas, ou na sua funcionalidade.
Podem ser devidos a: obstrução tubárea, hidrossalpinge (líquido nas trompas), seqüela de doença inflamatória pélvica, endometriose.
Fator ovariano: É outra causa importante de infertilidade. Significa que a mulher não está ovulando ou que esteja produzindo óvulos de má qualidade.
As mais freqüentes são: Síndrome dos Ovários Policísticos, Falência Ovariana Precoce, alterações da Fase Lútea (período depois da ovulação).
Fator peritoneal: Significa que algo está dificultando o encontro dos espermatozóides com o óvulo, como a endometriose, aderências pélvicas (depois de Doença Inflamatória Pélvica, por exemplo).
Fator uterino: Ocorre quando existem alterações no útero que impedem a fertilização do óvulo ou a implantação do embrião na cavidade uterina, como, por exemplo, aderências intra-útero (chamada também de sinéquias), miomas, alterações no muco endocervical (muco com presença de substâncias que destroem os espermatozóides), endometrites.
Endometriose: A endometriose merece um tópico especial, pela sua prevalência, complicações, teorias e formas de tratamento. A endometriose é a presença de tecido endometrial fora da cavidade uterina.
A mulher com endometriose tem geralmente menstruação com muita dor, que geralmente é progressiva, ou seja, vai aumentando com a idade. Todos os meses, quando a mulher menstrua, um pouco da menstruação pode sair (refluir) pelas trompas e cair na cavidade abdominal e se implantar (aderir, grudar) lá em qualquer local: parte externa da trompa, ovários, parede abdominal, bexiga,intestinos, etc.
A menstruação é na realidade a descamação do tecido interno do útero e chama-se endométrio, que quando se implanta fora do útero é chamado de endometriose.
Quando o implante ocorre nos ovários é chamada de endometrioma, quando no útero é também chamada de adenomiose.
Esses implantes de endometriose causam irritação no organismo da mulher que começa a produzir alguns mecanismos de reparação, gerando com isso um “ambiente inflamatório”. É essa “inflamação” que provocas dores na menstruação, dificulta o encontro dos espermatozóides com o óvulo, atrapalha o funcionamento das trompas, etc. É isso que faz com que a mulher com endometriose tenha dificuldade em engravidar.
O diagnóstico é feito baseado na história clínica, dosagens de CA-125 (exame discutível para o diagnóstico, mas muito bom para o seguimento do tratamento) e principalmente com a realização da laparoscopia, onde se visualizam os implantes da endometriose. O tratamento geralmente é feito com medicações que fazem com que o endométrio não funcione e com isso a endometriose também não funciona.
Quando a mulher usa essas medicações ela fica sem menstruar, mas pode ter outros sintomas como ondas de calor, suores noturnos, irritabilidade, mal estar, e outros. Quando a endometriose é mais avançada (estádios III ou IV ou também chamada de moderada ou grave) a melhor alternativa para se engravidar é a realização de fertilização assistida, seja FIV ou ICSI.