Passo-a-passo do Tratamento

Teste de gravidez
Complicações mais freqüentes
Captação dos óvulos
Transferência dos embriões

 

Teste de gravidez
Geralmente depois de 14 dias da transferência realiza-se o teste de gravidez, que deve, preferencialmente, ser a dosagem de Beta-hCG quantitativo. Esse hormônio, -hCG, é produzido pelo embrião que fixou-se no útero e tem a função de continuar a estimular os ovários para produção de progesterona, que, como já vimos, tem a função de facilitar e manter a gravidez. É preferível a realização do teste quantitativo (que fornece a quantidade de hormônio produzido) que o qualitativo (que informa se o resultado é positivo ou negativo) pois pode ser importante na evolução da gestação.

Se o teste for negativo, pede-se para suspender as medicações, e provavelmente deverá ocorrer menstruação dentro de alguns dias. Quando o teste é positivo é importante que a gestação seja confirmada, o que acontece com a realização de um exame de ultra-som duas semanas depois. Nesse exame são observados quantos sacos gestacionais existem, suas localizações e se há eventualmente alguma anormalidade. A partir de então a mulher inicia as consultas de pré-natais habituais com o obstetra de sua preferência. De um modo geral orienta-se para que o uso de progesterona seja mantido por mais seis semanas.

De um modo geral, o período decorrente da transferência dos embriões até a realização do teste de gravidez é o mais angustiante para o casal. Nesse período não há testes ou exames para serem feitos para se saber se o tratamento foi um sucesso ou não. Diversas dúvidas surgem nesse período, onde a ansiedade pode trazer dificuldades de relacionamento para o casal. É importante, mais uma vez, que o casal esteja mais unido nessa fase, que o companheiro compreenda a irritabilidade que pode surgir na mulher e que a companheira entenda que o eventual silêncio de seu marido como sendo uma demonstração de solidariedade.

Não há mais nada a ser feito, exceto usar as medicações e esperar pelo resultado. Estar confiante sem perder o senso da realidade é uma difícil tarefa que cabe a ambos administrar uníssonos.

Complicações mais freqüentes
A complicação mais freqüente que acontece durante a estimulação ovariana é a Síndrome da Hiperestimulação Ovariana (SHO). Nesse caso, o estímulo ovariano é exagerado, com recrutamento e crescimento de muitos folículos e muitos óvulos. Cada folículo também produz hormônio, o qual, por sua vez, quando em excesso traz sintomas indesejáveis como: ascite (líquido abdominal), distúrbios de coagulação (propensão a sangramentos), edema (acúmulo de líquido em membros inferiores) e hemoconcentração (sangue fica mais viscoso). Em casos extremos pode acontecer falência renal, ou seja, os rins deixam de funcionar.

A maioria dos casos de SHO é previsível e geralmente pode ser evitada. Entretanto, algumas mulheres estão mais propensas que outras a desenvolverem a SHO, principalmente as mais jovens e as portadoras de Síndrome dos Ovários Policísticos, pois tendem a ter uma resposta mais exacerbada às medicações prescritas para estimulação ovariana. Em casos de SHO grave há necessidade de internação hospitalar e controle rigoroso dos sintomas. Em casos de SHO leve ou moderada, pode-se fazer o tratamento domiciliar, com repouso, controle de ingestão de líquidos, controle de peso e uso de anti inflamatórios.

Outras complicações que podem ocorrer são aquelas decorrentes dos procedimentos anestésicos (choque anestésico), riscos durante a captação dos óvulos (sangramentos) e as decorrentes de estações múltiplas (trigêmeos ou mais).

Captação dos óvulos
Para a coleta dos óvulos há necessidade de a mulher permanecer em jejum por algumas horas antes do procedimento, além de evitar uso de perfumes de forte fragrância e jóias. Na sala de cirurgia se procede a punção da veia e utiliza-se uma sedação profunda, feita pelo anestesista. A sedação promove também abolição da dor, tem efeito rápido e fugaz, ou seja, tem início e término rápidos, próprio para procedimentos de curta duração.

A coleta é feita com o auxílio de ultra-som, onde se perfuram os folículos e se colhem todos os possíveis óvulos, os quais são imediatamente transferidos para a sala de embriologia, onde são analisados sob microscópio pelo biólogo. No mesmo dia os óvulos são classificados quanto à maturidade e qualidade, sendo que concomitante ao preparo dos óvulos é feita a coleta de sêmen com posterior capacitação espermática. Dentro de poucas horas se procede à inseminação in vitro dos óvulos, ou seja, eles são colocados em uma placa em presença de uma quantidade pré-definida de espermatozóides. No dia seguinte os óvulos são avaliados quanto a fertilização e espera-se que inicie a divisão celular.

Apesar da coleta de óvulos ser feita sob sedação, pode haver, posteriormente a coleta, um certo mal estar e mais freqüentemente cólica abdominal, desconforto e dor em baixo ventre. Isso se deve a presença de líquido e até mesmo sangue proveniente da perfuração ovariana, que ao caírem na cavidade abdominal provocam irritação e conseqüentemente esse desconforto. Geralmente o uso de analgésicos, antiinflamatórios e antiespasmódicos é suficiente para melhora desses sintomas.

Uma dieta mais leve também é benéfica e evita mal-estar provocado por uma digestão mais difícil. Nesse dia não há necessidade de repouso após o procedimento, mas orienta-se a não exercer atividades que exijam reflexos rápidos, como dirigir.Em alguns casos (menos que 0,5% das vezes) pode-se não conseguir nenhum óvulo na punção. É a chamada “Síndrome do Folículo Vazio”, entidade ainda desconhecida do ponto de vista de causa. Parece que nesses casos os óvulos não amadureceram suficientemente ou podem ter sofrido um processo de atresia, ou seja, degeneração. Logo após a coleta dos óvulos, geralmente são prescritas medicações à base de progesterona, que visam preparar o útero para receber os embriões, o que acontece 2 a 3 dias depois.

Essas medicações podem ser na forma de comprimidos, a serem usados via oral; podem ser na forma de creme vaginal a ser usado uma vez ao dia e podem ser também na forma de injeções intramusculares a serem usadas a intervalos regulares. Pode haver também associações dessas apresentações.

Transferência dos embriões
Dois a três dias depois da coleta dos óvulos se realiza a transferência dos embriões, sob visão ultrasonográfica via abdominal. Há necessidade de estar com a bexiga cheia para facilitar a visão por ultra-som, além de facilitar a própria transferência. A transferência é feita sem anestesia, pois é um simples exame de ultra-som. É possível, com o auxílio do ultra-som visualizar o exato local onde os embriões são depositados intra-útero. Após a transferência deve-se permanecer em repouso na clínica por um período de uma a duas horas, que são importantes para evitar cólicas uterinas e eventual expulsão do embrião.

Nesse dia solicita-se repouso absoluto em casa por um período de aproximadamente 24 horas e posteriormente, por uma semana, deve-se evitar relações sexuais e atividades físicas extenuantes, como ginásticas, pegar peso, subir e descer escada várias vezes, etc.O embrião que é colocado no útero geralmente está em um estágio ainda precoce
para poder implantar-se (fixar-se no útero). Depois de alguns dias é que ocorre a implantação intra-útero, no período conhecido como “janela de implantação”.

Isso ocorre também porque o endométrio, que é onde o embrião se fixa, ainda não está preparado para tal. A implantação tende a acontecer alguns dias depois da transferência, e ao contrário do que muita gente pensa, a implantação não é como se o embrião “grudasse” no útero. Na realidade o embrião “afunda” dentro da parede uterina, no endométrio. Para tanto, o endométrio deve estar macio e receptivo, o que pode ser conseguido com as medicações que são prescritas.

Quando o embrião fixa-se no útero podem ocorrer dois fenômenos importantes, que, entretanto não acontece em todos os casos. Um deles é a mulher queixar-se de leves cólicas, que são devidas ao próprio crescimento do útero por conta do embrião que está a desenvolver-se. Geralmente são cólicas que não necessitam de medicação, pois desaparecem em poucos minutos. Outra queixa que pode existir é a de sangramento vaginal, que geralmente ocorre alguns dias antes da realização do teste de gravidez.

Essas duas situações podem fazer a mulher pensar que o tratamento não surtiu efeito, quando na realidade é exatamente o inverso. Portanto, mesmo que ocorra algum tipo de sangramento ou cólica antes da realização do teste de gravidez, esse deverá ser feito, para confirmação do resultado final.