Como o próprio nome sugere, no coito programado (CP) procura-se otimizar o que ocorre nas gestações obtidas de forma natural. É geralmente indicado nos casos em que se pretende melhorar a relação sexual com a ovulação ou em casos de anovulação crônica, quando se utilizam drogas indutoras de ovulação. Apesar de se realizar o coito próximo do período da ovulação, as taxas de sucesso variam de 10 a 17%, com uma média ao redor de 15%, dependendo da idade da mulher, causa da infertilidade e tipo de drogas indutoras da ovulação.
Pode-se realizar coito programado também em casos de aderências anexiais de pequenas dimensões, que não comprometem a função tubárea. É necessário nesses casos que as trompas (preferencialmente as duas) sejam pérveas, bertas, diagnóstico este realizado pela histerosalpingografia ou pela vídeo-laparoscopia.
Também pode ser indicado em casos de endometriose mínima ou leve sem alteração da anatomia interna, ou nos casos de esterilidade sem causa aparente (ESCA), apesar de que nesses casos a indicação melhor seria os métodos de alta complexidade (FIV ou ICSI), principalmente tendo-se em vista a idade da mulher.
A utilização de drogas para induzir a ovulação visa melhorar o desenvolvimento do óvulo, melhorar o preparo endometrial para a implantação do embrião e a produção hormonal antes e após a ovulação. Portanto, mesmo mulheres ovulatórias podem se beneficiar da indução da ovulação. Além disso, com o uso de drogas indutoras da ovulação, pode-se calcular com relativa precisão o momento exato da ovulação.
O tratamento inicia-se com a menstruação, quando geralmente se realiza um exame de ultra-som trans-vaginal para avaliação da normalidade dos órgãos pélvicos, principalmente útero e ovários. Se estiver normal, procede-se a indução da ovulação, geralmente com as seguintes drogas (Obs: ver nome comercial das drogas no final):
– citrato de clomifene (CC): um comprimido de 50mg por 5 dias
– gonadotrofinas: uma ampola (50 a 75 UI) ao dia, em dias alternados a partir do segundo dia de uso do citrato de clomifene.
Após o término do uso do CC realiza-se o primeiro exame de ultra-som transvaginal, para saber como está a evolução do tratamento e a seguir, dependendo desse exame continua-se o uso das gonadotrofinas, ajustando a dose, trocando de medicação, etc, com retornos em dias alternados ou diariamente.
Quando se obtém pelo menos um folículo ovariano de bom tamanho, utiliza-se uma droga para promover a maturação final dos óvulos (hCG) e também promover a ovulação. Nessa fase, orienta-se o casal a manter relações sexuais 36 a 40 horas após o uso do hCG, quando a ovulação deverá já ter ocorrido.
Em algumas situações pode-se utilizar apenas gonadotrofinas, pois apesar do citrato de clomifene ser uma excelente droga para induzir a ovulação, ele pode provocar algumas alterações no endométrio e no muco cervical que podem dificultar a gestação. Em casos em que houve anteriormente má resposta ao CC deve-se dar preferência ao uso exclusivo das gonadotrofinas.
Com esses esquemas pretende-se que haja recrutamento de 1 a 3 folículos dominantes. A escolha do esquema depende também de condições financeiras (o custo é maior com o emprego de gonadotrofinas, principalmente o FSH) e de respostas a esquemas de induções anteriormente utilizadas. Atenção deve ser dada ao crescimento do endométrio, pois o ideal é se ter um endométrio com mais que 10 mm de espessura no final da indução da ovulação.
O uso de gonadotrofinas pressupõe SEMPRE a monitorização ultra-sonográfica. Nos casos que houver 4 ou mais folículos dominantes, pode-se indicar FIV, se houver consentimento da paciente, ou suspender-se o ciclo, recomendando abstinência sexual, devido ao grande risco de gestação múltipla.