A inseminação intra-útero (IUI) consiste na introdução de espermatozóides capacitados dentro da cavidade uterina no momento próximo da ovulação. Entende-se por espermatozóides capacitados aqueles que passaram por um processo laboratorial, onde são selecionados apenas os melhores espermatozóides com boa motilidade. As taxas de sucesso variam de 7 a 18% com uma média de 16%. A IUI deve ser realizada desde que haja mais que 5 milhões de espermatozóides de boa qualidade recuperados após a capacitação, permeabilidade de pelo menos uma trompa e idade da mulher inferior a 38 anos.
O número de tentativas não deve exceder 3 a 4, visto que as taxas de concepção não aumentam significativamente após tentativas subseqüentes, quando então os métodos de alta complexidade devem ser indicados. Provavelmente, nos casos de insucesso devem existir outras causas de infertilidade que não foram diagnosticadas ou que estejam interferindo no processo de ascensão dos espermatozóides até a trompa uterina, na fertilização do óvulo ou ainda na implantação do embrião no endométrio.
Além das mesmas indicações do CP a IUI possui as indicações clássicas de fator masculino leve (mais que 5 milhões de espermatozóides capacitados – preferencialmente mais que 10 milhões) e fator cervical. Entende-se por fator cervical, como dito anteriormente, a presença de anticorpos no muco cervical que estejam dificultando a penetração dos espermatozóides no útero.
A indução da ovulação é semelhante a realizada no coito programado, iniciando-se também logo após a menstruação. O controle ultra-sonográfico também é realizado da mesma maneira, objetivando-se ao final do tratamento obter-se no máximo 4 folículos recrutados. Quando os folículos atingem o tamanho desejado se utiliza também o hCG e a IUI é realizada 36 a 40 horas após, ou seja, logo após a provável ovulação, que deve ser confirmada com um exame ultr-sonográfico.
Semelhante ao que ocorre com o coito programado, em casos de recrutamento folicular exagerado, ou seja, crescerem mais que 4 folículos, pode-se suspender a IUI ou transformá-la em fertilização in vitro, em que os óvulos serão coletados, fertilizados no laboratório e serão transferidos menos embriões. Não se deve realizar IUI com muitos folículos, pois há a possibilidade de uma estação múltipla indesejável. Já imaginaram uma IUI com uma gestação de quíntuplos???
No dia da realização da inseminação intra-útero, o casal deve estar consciente que
serão realizados dois procedimentos distintos. O homem colherá o sêmen, o qual
será manipulado em laboratório (capacitação espermática) e a mulher será submetida a IUI que é semelhante a um exame ginecológico. O tempo de preparo do sêmen é ao redor de duas horas e somente depois desse período é que será realizado a IUI.
Não há necessidade de anestesia ou sedação para a realização da inseminação. Um pequeno, fino e maleável cateter é inserido no útero e gentilmente o sêmen capacitado é colocado no fundo. Algumas vezes a mulher pode sentir uma leve cólica, sendo mais um desconforto do que dor. Após a IUI a mulher permanece de repouso por meia hora a uma hora e depois estará liberada para ir para casa.
Cuidados após a IUI:
O procedimento da IUI é semelhante a uma relação sexual, sendo que os cuidados após são mais de cunho psicológico do que realmente necessários. Geralmente solicita-se a mulher que faça repouso no dia da inseminação e que mantenha uma semana de atividades mais leves, evitando exercícios, ginástica, pegar peso, subir e/ou descer escadas várias vezes ao dia, dirigir, etc.
Não há porquê ficar completamente de repouso nesse período, posto que muitas vezes o repouso excessivo pode ser até mesmo prejudicial, pois pode levar a dores nas costas, indisposição, mal estar, nervosismo e irritação. Nada mais perturbador do que solicitar a uma mulher ativa que permaneça completamente imóvel.
A sensação de inutilidade é trágica e lembre-se que “mente desocupada é oficina de satanás”. Em algumas situações prescreve-se suplementação hormonal após a realização da IUI, com preparados a base de progesterona.
Esse hormônio é o mesmo que é produzido na fase lútea, ou seja, após a ovulação e tem como função o preparo do
endométrio para a implantação do embrião, bem como manter esse embrião aderido.
Algumas mulheres podem ter deficiência de progesterona e conseqüentemente ter dificuldade para implantação embrionária ou ter abortamentos de repetição, alguns deles tão precoces que são confundidos com menstruação.